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Modelo Denver (ESDM): terapia de intervenção precoce para crianças com autismo

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Intervenção precoce para crianças com Autismo Modelo Denver (ESDM): terapia

Exemplo de terapeuta utilizando o Modelo Denver em uma interação lúdica com uma criança. O Modelo Denver de Intervenção Precoce, conhecido internacionalmente como Early Start Denver Model (ESDM), é uma abordagem terapêutica voltada para crianças pequenas com autismo, combinando princípios da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) com estratégias do desenvolvimento infantil​

Em outras palavras, trata-se de uma terapia precoce para autismo que utiliza brincadeiras e interações sociais positivas para promover o desenvolvimento de habilidades de comunicação, sociais e cognitivas em crianças geralmente de 12 a 48 meses de idade​autismspeaks.org. O Modelo Denver é amplamente reconhecido como um tratamento precoce do autismo eficaz, com base científica sólida e resultados positivos reportados em diversos estudos clínicos.

O que é o Modelo Denver?

O Modelo Denver é uma terapia comportamental e desenvolvimental criada especificamente para crianças pequenas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Desenvolvido pelas psicólogas Sally Rogers e Geraldine Dawson nos anos 1980 e aperfeiçoado ao longo das décadas seguintes​, o método foi formalizado em um manual publicado em 2010. Seu nome completo em português é Modelo Denver de Atenção Precoce para Crianças Pequenas com Autismo. Colloquialmente, muitos se referem a ele simplesmente como “terapia Denver para autismo” ou “método Denver”.

Em que consiste? Essencialmente, o ESDM integra técnicas clássicas da ABA com uma abordagem naturalística e lúdica de ensino. Terapeutas e pais utilizam brincadeiras para criar interações positivas e divertidas com a criança, aproveitando momentos de atenção conjunta para incentivar a comunicação, a socialização e o aprendizado​ Diferentemente de terapias tradicionais mais estruturadas, no Modelo Denver o ensino acontece durante as atividades naturais do dia a dia e do brincar, seguindo a iniciativa e os interesses espontâneos da criança​O foco principal é estimular todas as áreas do desenvolvimento infantil – linguagem, habilidades sociais, cognição, imitação, brincadeira, motricidade e autonomia – de forma integrada e personalizada​.

  • Intervenção Precoce e Intensiva: é direcionado a crianças na primeira infância, idealmente antes dos 4 anos de idade, período em que o cérebro apresenta maior neuroplasticidade​. O programa é intensivo, oferecendo inúmeras oportunidades de aprendizado ao longo da semana.

  • Base no Desenvolvimento Típico: as estratégias consideram marcos do desenvolvimento normal de bebês e crianças pequenas, buscando promover uma trajetória de desenvolvimento mais típica para a criança com autismo.

  • Ambiente Natural e Lúdico: as interações terapêuticas ocorrem em contextos naturais – em casa, na escola ou na clínica – por meio de brincadeiras e atividades cotidianas, em vez de sessões rígidas em mesa. A ideia é que a criança aprenda brincando, quase sem perceber que está em “terapia”​.

  • Relação Positiva: há ênfase em construir um vínculo afetuoso entre terapeuta (ou pai/mãe) e criança. A terapia é conduzida de forma calorosa, com muita troca de sorrisos, olhar e afeto, tornando a aprendizagem agradável. O engajamento interpessoal e a reciprocidade social são considerados o “coração” do modelo.

  • Reforçamento Natural: diferentemente de algumas abordagens comportamentais que usam recompensas tangíveis (como alimentos ou brindes), o Modelo Denver privilegia reforços sociais e motivadores naturais – elogios, diversão compartilhada, acesso a brinquedos favoritos – como recompensa pelos progressos da criança​. Assim, a criança fica motivada intrinsecamente e aprende a valorizar a interação social.

  • Seguir a Liderança da Criança: no ESDM, o roteiro da sessão é guiado em grande parte pelos interesses da criança. O terapeuta oferece escolhas e acompanha a motivação infantil, inserindo objetivos de aprendizagem dentro das atividades que chamam a atenção da criança. Isso contrasta com métodos mais dirigidos pelo adulto, aumentando o engajamento e a disposição da criança em participar.

  • Currículo Individualizado: o modelo dispõe de um Currículo de Desenvolvimento próprio (ESDM Curriculum Checklist)​. Antes de iniciar, o terapeuta avalia minuciosamente as habilidades atuais da criança em múltiplos domínios (comunicação, socialização, imitação, cognição, motora, autonomia)​. Com base nisso, é formulado um plano de intervenção personalizado, com objetivos de ensino específicos para a criança​. Esses objetivos são planejados para serem atingidos em curto prazo (tipicamente em ciclos de 12 semanas) e são revisados periodicamente a cada nova avaliação de progresso.

  • Envolvimento dos Pais: os pais (ou cuidadores) participam ativamente do programa. Desde o início, eles são orientados e treinados para aplicar estratégias do Modelo Denver nas rotinas diárias em casa​. O objetivo é que as interações cotidianas (na hora do banho, refeição, brincar, etc.) também se tornem oportunidades terapêuticas. Essa continuidade em casa aumenta a intensidade total da intervenção e favorece a generalização das habilidades aprendidas para fora das sessões formais.

Resumidamente, o Modelo Denver serve para promover o desenvolvimento global de crianças com autismo em idade precoce, atenuando atrasos e dificultadores trazidos pelo TEA. Por meio de brincadeiras estruturadas e interações afetuosas, a criança vai gradualmente aprendendo a imitar, a prestar atenção nas pessoas, a comunicar-se melhor (gestual e verbalmente), a brincar de forma mais funcional e a interagir socialmente de maneira mais recíproca. Todos esses ganhos visam construir uma base de habilidades que facilitará aprendizagens futuras e a inclusão da criança em ambientes escolares e sociais.

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Para que serve e como funciona?

Para que serve? O Modelo Denver tem como propósito principal reduzir os atrasos de desenvolvimento associados ao autismo em idade precoce e estimular ao máximo o potencial de aprendizagem da criança​. Ele busca diminuir a gravidade dos sintomas do TEA a longo prazo e acelerar aquisições em diversas áreas. Em termos práticos, essa intervenção precoce serve para:

 

  • Desenvolver a comunicação: estimular desde cedo a comunicação não-verbal (contato visual, apontar, gestos) e depois a linguagem verbal, ajudando a criança a se expressar e compreender os outros.

  • Fomentar habilidades sociais: ensinar a criança a brincar em interação com outra pessoa, a imitar ações, a turnar (trocar turnos) em jogos simples e compartilhar atenções – habilidades fundamentais para interações sociais.

  • Melhorar cognição e aprendizagem: através de atividades lúdicas, trabalha-se conceitos cognitivos (como cores, formas, causa-e-efeito) e habilidades de resolução de problemas adequadas à idade da criança.

  • Estimular habilidades motoras e de jogo: incentivar brincadeiras apropriadas com brinquedos, desenvolver coordenação motora fina e ampla dentro das atividades, e expandir o repertório de brincadeiras funcionais e simbólicas.

  • Promover comportamentos adaptativos: ensinar habilidades do dia a dia (como solicitar ajuda, seguir instruções simples, rotinas de alimentação/vestuário etc.), aumentando a independência compatível com a idade.

  • Reduzir comportamentos indicativos de autismo: ao envolver a criança socialmente e engajá-la no ambiente, o ESDM pode diminuir comportamentos repetitivos ou isolados, pois a criança passa a ter alternativas mais interativas e significativas de engajamento.

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Para que serve? O Modelo Denver tem como propósito principal reduzir os atrasos de desenvolvimento associados ao autismo em idade precoce e estimular ao máximo o potencial de aprendizagem da criança​. Ele busca diminuir a gravidade dos sintomas do TEA a longo prazo e acelerar aquisições em diversas áreas. Em termos práticos, essa intervenção precoce serve para:

  • Desenvolver a comunicação: estimular desde cedo a comunicação não-verbal (contato visual, apontar, gestos) e depois a linguagem verbal, ajudando a criança a se expressar e compreender os outros.

  • Fomentar habilidades sociais: ensinar a criança a brincar em interação com outra pessoa, a imitar ações, a turnar (trocar turnos) em jogos simples e compartilhar atenções – habilidades fundamentais para interações sociais.

  • Melhorar cognição e aprendizagem: através de atividades lúdicas, trabalha-se conceitos cognitivos (como cores, formas, causa-e-efeito) e habilidades de resolução de problemas adequadas à idade da criança.

  • Estimular habilidades motoras e de jogo: incentivar brincadeiras apropriadas com brinquedos, desenvolver coordenação motora fina e ampla dentro das atividades, e expandir o repertório de brincadeiras funcionais e simbólicas.

  • Promover comportamentos adaptativos: ensinar habilidades do dia a dia (como solicitar ajuda, seguir instruções simples, rotinas de alimentação/vestuário etc.), aumentando a independência compatível com a idade.

  • Reduzir comportamentos indicativos de autismo: ao envolver a criança socialmente e engajá-la no ambiente, o ESDM pode diminuir comportamentos repetitivos ou isolados, pois a criança passa a ter alternativas mais interativas e significativas de engajamento.

Como funciona na prática? O funcionamento do Modelo Denver pode ser descrito em etapas:
Como funciona o Modelo Denver na prática? O funcionamento do Modelo Denver pode ser descrito em etapas:
  • Avaliação inicial: Primeiramente, a equipe realiza uma avaliação abrangente do nível de desenvolvimento da criança em múltiplos domínios. Isso inclui observar a criança brincando, conversar com os pais sobre o que ela já consegue fazer, e preencher checklists específicos do ESDM. O resultado dessa avaliação é um perfil detalhado das habilidades presentes e ausentes da criança em linguagem receptiva e expressiva, socialização, imitação, cognição, motricidade fina/grossa e autocuidados.

  • Plano individualizado: Com base nessa linha de base, os terapeutas definem um conjunto de objetivos de aprendizagem personalizados. Por exemplo, se a criança ainda não aponta objetos de interesse, esse pode ser um objetivo; se não fala palavras, começar a imitar sons ou sílabas pode ser outro; se não imita ações, ensinar imitação simples etc. Cada objetivo é escolhido considerando o próximo passo desenvolvimental esperado para aquela habilidade. O plano é desenhado de forma que essas metas possam ser alcançadas em aproximadamente 3 meses, quando então serão reavaliadas e atualizadas.

  • Sessões de terapia estruturadas: O terapeuta realiza sessões individualizadas com a criança (geralmente de 1-2 horas por sessão, várias vezes por semana). Nesses encontros, o profissional brinca com a criança de forma orientada pelos objetivos traçados. Por exemplo, se o objetivo é estimular linguagem, o terapeuta criará brincadeiras que motivem a vocalização ou uso de gestos pela criança, sempre reforçando cada tentativa de comunicação. Importante destacar que as atividades ocorrem no nível da criança – sentados no chão, no ambiente dela – e não em formato de “treino” rígido. O adulto se torna um parceiro de brincadeira que insere desafios sutis para ensinar novas habilidades. A cada pequena conquista ou tentativa da criança, o terapeuta oferece reforço positivo imediato, seja um elogio animado, uma demonstração de alegria, ou acesso a um brinquedo desejado.

  • Incidência nas rotinas diárias: Além das sessões com o terapeuta, o Modelo Denver se estende às rotinas cotidianas pela participação dos pais. Os pais recebem orientação constante, observam as técnicas usadas e são encorajados a replicá-las nas interações em casa​. Por exemplo, se a criança está aprendendo a imitar sons, os pais são instruídos a promover esse treino durante as brincadeiras diárias ou momentos como banho e refeições. Com isso, a criança tem prática consistente em múltiplos contextos, potencializando o aprendizado.

  • Monitoramento e ajustes: A cada 12 semanas (ou período definido), é feita uma reavaliação usando novamente a checklist do ESDM​. A equipe verifica quais objetivos foram alcançados, quais precisam continuar e identifica novas metas à medida que a criança avança. Assim, o programa é dinâmico e ajustado continuamente de acordo com o progresso individual. Esse ciclo de planejamento-implementação-reavaliação garante que a intervenção se mantenha eficaz e alinhada ao desenvolvimento da criança ao longo do tempo​.

  • Contextos variados: O Modelo Denver pode ser aplicado em diferentes ambientes: no domicílio da criança, em contextos de educação infantil (creche/pré-escola) ou em clínicas especializadas. Pode ser implementado individualmente (um terapeuta para uma criança) ou em grupos pequenos, embora na fase de crianças bem pequenas o formato individualizado seja mais comum. Há também programas que adaptam o ESDM para grupos em contextos escolares, com bons resultados, desde que a estrutura e princípios sejam mantidos.

Em resumo, o funcionamento do ESDM é marcado por muita interação positiva, brincadeiras ricas em intenção pedagógica, e engajamento ativo da criança. A terapia segue o ritmo e motivação da criança, ao mesmo tempo em que o adulto estrategicamente direciona o aprendizado de habilidades-chave. É uma abordagem bastante intensiva e abrangente, pois cobre múltiplas áreas do desenvolvimento simultaneamente dentro de um único programa, envolvendo diversos profissionais e os familiares numa parceria pelo avanço da criança.

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Quem pode aplicar o Modelo Denver?

O Modelo Denver deve ser aplicado por profissionais qualificados e treinados na metodologia, idealmente de forma interdisciplinar. Diferentes especialistas podem atuar como terapeutas ESDM, desde que tenham recebido a capacitação adequada e (preferencialmente) certificação no modelo​. Entre os profissionais aptos a aplicar o ESDM estão

 

  • Psicólogos(as) – especialmente os especializados em desenvolvimento infantil ou análise do comportamento.

  • Analistas do comportamento (certificados em ABA, como BCBAs) – dado que o ESDM é fundamentado em ABA, analistas com treinamento no modelo podem conduzir intervenções Denver.

  • Fonoaudiólogos(as) (Terapeutas de linguagem) – devido ao forte componente de linguagem/comunicação do modelo.

  • Terapeutas Ocupacionais – que podem focar nas habilidades sensório-motoras e de brincadeira dentro do ESDM.

  • Fisioterapeutas pediátricos, em alguns casos, integrando objetivos motores grossos.

  • Pediatras do desenvolvimento ou Neuropediatras, quando também capacitados em intervenções comportamentais.

  • Educadores ou Profissionais de Intervenção Precoce – especialistas em estimulação de bebês e crianças pequenas com atrasos.

Embora a equipe possa envolver várias formações, é essencial que todos os terapeutas tenham treinamento específico no Modelo Denver. A certificação oficial em ESDM, ofertada por instituições ligadas ao UC Davis MIND Institute (EUA), exige que o profissional participe de workshops intensivos e envie vídeos de suas sessões demonstrando fidelidade ao método para avaliadores internacionais​ Somente após cumprir esses requisitos o terapeuta é considerado certificado para aplicar o modelo com qualidade assegurada.

No entanto, mesmo profissionais não certificados podem aplicar elementos do Modelo Denver se tiverem estudado o manual e recebido supervisão de alguém experiente na abordagem. Em muitos locais (inclusive no Brasil), há poucos profissionais com certificação formal devido à exigência de treinamento no exterior. Ainda assim, diversos clínicos incorporam princípios do ESDM em suas práticas após cursos ou formações locais.

Importante destacar que os pais ou cuidadores, embora não sejam “terapeutas” formados, são parte integrante da aplicação do Modelo Denver. O programa recomenda fortemente o treinamento dos pais, capacitando-os para dar continuidade às técnicas na rotina doméstica​. Isso não significa que os pais conduzirão sozinhos toda a terapia, mas sim que, sob orientação dos profissionais, eles aplicam estratégias do Denver nas interações diárias. Assim, pais e terapeutas trabalham em conjunto, formando uma equipe multidisciplinar com um objetivo comum.

Em termos de contexto, o Modelo Denver pode ser oferecido em clínicas especializadas em autismo, centros de desenvolvimento infantil, programas de intervenção precoce governamentais ou mesmo no ambiente domiciliar via atendimento home care. No Brasil, especificamente, o método vem ganhando espaço: a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) reconhece o Modelo Denver como uma das abordagens recomendadas de tratamento para crianças com transtornos do desenvolvimento, orientando planos de saúde a considerarem sua cobertura​ Isso tem incentivado a formação de profissionais no país. Desde 2016, ocorreram os primeiros workshops oficiais de ESDM no Brasil, e hoje já existe uma rede crescente de terapeutas treinados em diversas regiões, ligados a clínicas de reabilitação e associações de autismo.

Resumindo, qualquer profissional da área de desenvolvimento infantil/autismo pode teoricamente aplicar o Modelo Denver, contanto que domine seus princípios e práticas através de treinamento específico. A melhor prática é que haja uma equipe interdisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, TO etc.) trabalhando de forma coordenada, e que os pais estejam engajados ativamente, para que a intervenção seja consistente em todos os ambientes de convívio da criança.

Principais benefícios e vantagens do Modelo Denver 

A adoção do Modelo Denver como intervenção precoce para autismo traz uma série of benefícios e vantagens tanto para a criança quanto para a família. Alguns dos principais benefícios incluem:

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Abordagem abrangente do desenvolvimento: Diferentemente de terapias focadas em um único aspecto (como apenas linguagem ou apenas comportamento adaptativo), o ESDM trabalha todas as áreas do desenvolvimento simultaneamente​pt.wikipedia.org. Isso significa que a criança está progredindo em múltiplos domínios ao mesmo tempo – comunicação, socialização, cognição, habilidades motoras e de autoajuda – otimizando o aproveitamento do período crítico de aprendizado na primeira infância.

Melhorias significativas em linguagem e cognição: Estudos científicos demonstram ganhos importantes nessas áreas para crianças que passam pelo Modelo Denver. Uma meta-análise envolvendo 12 estudos e 640 crianças indicou que, em comparação a tratamentos convencionais, o ESDM produziu melhorias estatisticamente significativas nas habilidades de linguagem e cognitivas, com tamanho de efeito moderado (g ≈ 0,41)​pmc.ncbi.nlm.nih.gov​pt.wikipedia.org. Ou seja, crianças no Modelo Denver tenderam a desenvolver QI e linguagem em ritmo mais acelerado que pares que receberam outras intervenções ou intervenções menos intensivas.

Avanços em interação social e comportamento adaptativo: Além da linguagem, muitos participantes do ESDM mostram progresso em habilidades sociais, aumento da iniciativa para interagir e melhorias no comportamento adaptativo (como maior independência e cooperação). No estudo clínico pioneiro de Dawson e colegas, o grupo de crianças que recebeu ESDM por 2 anos manteve o ritmo de desenvolvimento adaptativo próximo ao de crianças típicas, enquanto o grupo controle ficou mais defasado Houve também maior chance de as crianças do ESDM melhorarem a classificação diagnóstica, passando de autismo para um quadro mais leve (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento não especificado) ao final do tratamento

Resultados duradouros e impacto potencial em sintomas centrais: Pesquisas de seguimento sugerem que os benefícios do ESDM podem perdurar ao longo do desenvolvimento. Em um estudo de longo prazo, crianças que iniciaram o Modelo Denver entre 18 e 30 meses de idade apresentaram, aos 6 anos, melhorias significativas nos sintomas nucleares do autismo, diferenças que não eram aparentes imediatamente aos 4 anos (quando a intervenção terminou)​. Isso indica que a intervenção precoce pode alterar trajetórias de desenvolvimento de modo que certos ganhos tornam-se visíveis em estágios posteriores (por exemplo, melhora na sociabilidade e redução de comportamentos repetitivos emergindo alguns anos após a intervenção intensiva precoce).

Avanços em interação social e comportamento adaptativo: Além da linguagem, muitos participantes do ESDM mostram progresso em habilidades sociais, aumento da iniciativa para interagir e melhorias no comportamento adaptativo (como maior independência e cooperação). No estudo clínico pioneiro de Dawson e colegas, o grupo de crianças que recebeu ESDM por 2 anos manteve o ritmo de desenvolvimento adaptativo próximo ao de crianças típicas, enquanto o grupo controle ficou mais defasado​ Houve também maior chance de as crianças do ESDM melhorarem a classificação diagnóstica, passando de autismo para um quadro mais leve (Transtorno Invasivo do Desenvolvimento não especificado) ao final do tratamento

Envolvimento familiar e empoderamento dos pais: Um grande diferencial do Modelo Denver é trazer os pais para o centro da intervenção. Com treinamento e suporte, os pais se sentem mais capazes de se comunicar e brincar produtivamente com seus filhos autistas, o que fortalece o vínculo afetivo e diminui o estresse familiar. Famílias reportam sentir-se mais confiantes ao aprender estratégias práticas para lidar com desafios do dia a dia e promover o desenvolvimento dos filhos em casa. Esse empoderamento parental gera consistência – o que é aprendido na terapia continua sendo reforçado na rotina doméstica – e pode levar a melhores resultados gerais para a criança

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Terapia motivadora e prazerosa: Do ponto de vista da criança, o Modelo Denver é uma intervenção agradável. Como o aprendizado acontece brincando e em clima de diversão, a criança geralmente demonstra alegria e envolvimento nas sessões, em vez de resistência. Terapeutas relatam que, ao seguir os interesses da criança e reforçar cada pequena tentativa, a motivação da criança para engajar aumenta significativamente​. Esse engajamento lúdico é uma vantagem, pois evita traumas ou aversão à terapia – ao contrário, a criança passa a gostar das interações, o que por si só já é um ganho social e emocional.

CIntegração de múltiplas técnicas eficazes: O ESDM incorpora princípios comprovados de outras abordagens – por exemplo, técnicas de Pivotal Response Training (PRT) para incentivar iniciativa e autorregulação, métodos de ensino de imitação, uso de suportes visuais quando necessário, dentre outros. Essa integração confere ao modelo uma flexibilidade para adaptar-se a cada criança, aproveitando o melhor de diferentes estratégias dentro de um arcabouço unificado.

Possível redução de necessidade de terapias futuras: Ao intervir de forma intensiva no começo da vida, há indícios de que a criança poderá demandar menos suporte especializado em fases posteriores. Um estudo de custo-benefício descobriu que o investimento em um programa como o Modelo Denver na primeira infância se paga ao longo do tempo, pois as crianças submetidas à intervenção precoce intensiva precisaram de menos sessões de outras terapias (ABA tradicional, terapia de fala, terapia ocupacional, etc.) em idades mais avançadas, em comparação àquelas que não tiveram essa intervenção inicial​. Ou seja, intervir cedo pode reduzir custos e dependência de serviços no futuro, além de melhorar a qualidade de vida da criança.

Evidência de mudanças neurobiológicas: Além dos ganhos comportamentais, pesquisas indicam que o ESDM pode gerar mudanças no cérebro em desenvolvimento. Em um estudo, crianças após 2 anos de Modelo Denver exibiram padrões de atividade cerebral em resposta a estímulos sociais (como olhar para rostos) mais próximos ao de crianças típicas da mesma idade, sugerindo uma “normalização” de conexões neurais associada à terapia precoce​pubmed.ncbi.nlm.nih.gov​autistologos.com. Esse achado, embora inicial, aponta que a intervenção intensiva pode influenciar positivamente os processos neurodesenvolvimentais subjacentes.

Cabe ressaltar que cada criança é única. Os benefícios podem variar em extensão de caso a caso – algumas terão avanços mais rápidos em certas áreas do que em outras. Entretanto, de forma geral, o Modelo Denver é considerado uma das abordagens terapêuticas precoces mais eficazes atualmente disponíveis para crianças com autismo, com vantagens claras em promover desenvolvimento global e engajamento social​espacioautismo.com. Seu caráter naturalístico e centrado na família o torna não apenas uma terapia, mas também uma ferramenta de transformação do cotidiano da criança, dando aos pais meios concretos de ajudar no progresso do filho.

Dúvidas frequentes sobre modelo Denver

Por fim, vamos responder a algumas dúvidas frequentes que pais, cuidadores e profissionais costumam ter sobre o Modelo Denver (ESDM) no contexto do autismo:

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Qual a idade indicada para iniciar o Modelo Denver?

O quanto antes, melhor. O Modelo Denver foi desenvolvido para bebês e crianças na primeira infância, com idade entre 12 e 48 meses aproximadamente​. A maioria das intervenções ocorre por volta de 1,5 a 3 anos de idade. É possível adaptá-lo para bebês ligeiramente mais novos (casos de risco) e também já foi aplicado com pré-escolares de 4-5 anos, mas a efetividade máxima tende a ocorrer quando iniciado antes dos 3 anos. Isso porque a intervenção precoce aproveita a alta plasticidade cerebral e evita que atrasos se acumulem​. Portanto, o ideal é começar assim que se suspeita ou confirma o diagnóstico de autismo. Não é necessário esperar a criança ficar mais velha – pelo contrário, intervenções intensivas aos 2 anos podem resultar em ganhos maiores do que as iniciadas aos 4 anos. Em resumo: iniciar o Modelo Denver logo no início dos sinais de autismo proporciona os melhores resultados a longo prazo.

Quantas horas por semana meu filho deve fazer e por quanto tempo?

O Modelo Denver é uma intervenção intensiva. Nos estudos, geralmente as crianças recebiam em torno de 15 a 20 horas semanais de terapia estruturada com profissionais, além das interações conduzidas pelos pais em casa​. Na prática, isso pode variar conforme a disponibilidade de serviços e a tolerância da criança – mas o alvo é chegar próximo de 20 horas semanais combinando sessões terapêuticas e treino em casa. Sobre a duração total, muitos programas planejam 1 a 2 anos de intervenção contínua. Por exemplo, iniciar aos 2 anos e prosseguir até os 4 anos. Estudos demonstraram benefícios significativos após 2 anos de terapia Denver intensiva (como aumento de QI, linguagem, habilidades adaptativas)​. Caso a criança ainda apresente atrasos importantes, pode-se estender ou adaptar o plano depois disso. Alguns acabam migrando para outras abordagens conforme a criança cresce (por exemplo, para programas mais acadêmicos ou sociais na idade escolar), mas levando junto as habilidades construídas no Denver. Em suma: recomenda-se várias horas por dia, a maioria dos dias da semana, durante pelo menos um ou dois anos para obter o máximo proveito. Naturalmente, o plano exato de horas e duração deve ser individualizado pelo time terapêutico, considerando a resposta da criança e as possibilidades da família.

Os pais podem aplicar o Modelo Denver em casa, por conta própria?

Os pais desempenham um papel fundamental no Modelo Denver, mas isso não significa que conduzirão todo o programa sozinhos. O recomendado é que pais/cuidadores sejam treinados por profissionais capacitados em ESDM para aprender as estratégias e técnicas. Com esse treinamento, eles conseguem aplicar os princípios do modelo durante as atividades diárias em casa – o que é altamente encorajado​autismspeaks.org. Isso aumenta muito a intensidade e consistência da intervenção (afinal, a criança passa poucas horas na clínica e muito tempo com a família). Porém, é desaconselhável que os pais tentem fazer todo o programa sem supervisão profissional, pois o Modelo Denver requer planejamento individualizado, avaliação constante e experiência em análise do comportamento e desenvolvimento infantil para ser implementado corretamente. O ideal é uma parceria: terapeutas preparados conduzem as sessões principais, orientam os pais e fornecem feedback, enquanto os pais dão continuidade em casa reforçando as mesmas habilidades em contextos naturais. Muitos manuais e cursos para pais estão disponíveis (inclusive o livro "Um começo precoce para seu filho com autismo", dos autores do ESDM, é voltado para ensinar famílias). Então, sim, os pais podem (e devem) aplicar muita coisa do Modelo Denver em casa, mas dentro de um contexto de orientação técnica. Essa participação dos pais é um diferencial que aumenta as chances de sucesso da intervenção.

O Modelo Denver serve para crianças com autismo leve, moderado, severo)?

Os pais desempenham um papel fundamental no Modelo Denver, mas isso não significa que conduzirão todo o programa sozinhos. O recomendado é que pais/cuidadores sejam treinados por profissionais capacitados em ESDM para aprender as estratégias e técnicas. Com esse treinamento, eles conseguem aplicar os princípios do modelo durante as atividades diárias em casa – o que é altamente encorajado​autismspeaks.org. Isso aumenta muito a intensidade e consistência da intervenção (afinal, a criança passa poucas horas na clínica e muito tempo com a família). Porém, é desaconselhável que os pais tentem fazer todo o programa sem supervisão profissional, pois o Modelo Denver requer planejamento individualizado, avaliação constante e experiência em análise do comportamento e desenvolvimento infantil para ser implementado corretamente. O ideal é uma parceria: terapeutas preparados conduzem as sessões principais, orientam os pais e fornecem feedback, enquanto os pais dão continuidade em casa reforçando as mesmas habilidades em contextos naturais. Muitos manuais e cursos para pais estão disponíveis (inclusive o livro "Um começo precoce para seu filho com autismo", dos autores do ESDM, é voltado para ensinar famílias). Então, sim, os pais podem (e devem) aplicar muita coisa do Modelo Denver em casa, mas dentro de um contexto de orientação técnica. Essa participação dos pais é um diferencial que aumenta as chances de sucesso da intervenção.

O Modelo Denver serve para crianças com autismo leve, moderado, severo)?

o Modelo Denver serve para os 3 niveis de suporte, O ESDM foi concebido para atender crianças com autismo independentemente do nível de suporte que necessitem, contanto que estejam na faixa etária apropriada. Ele pode ser ajustado para crianças com diferentes perfis: aquelas com autismo leve (que talvez já tenham algumas palavras e habilidades, mas precisam aprimorar socialização) e também crianças com autismo mais severo (talvez não verbais e com comprometimentos significativos). A abordagem individualizada permite adaptar os objetivos às capacidades da criança. Por exemplo, uma criança que não comunica nada começará com objetivos de atenção e comunicação básica; outra que já fala palavras pode focar em formar frases e engajar em jogo cooperativo. Estudos mostraram que crianças com diversos estilos de aprendizagem e até com desafios cognitivos adicionais podem se beneficiar tanto quanto crianças sem tais Inclusive, um estudo chileno demonstrou eficácia do Denver em crianças autistas com síndrome de Down. Portanto, não há restrição de “gravidade” para indicar ou não o modelo. O que muda é a expectativa de ritmo de progresso – crianças com mais dificuldades podem progredir em passos menores, mas ainda assim farão ganhos importantes dentro de seu próprio desenvolvimento. Em síntese, o Modelo Denver é indicado para qualquer criança pequena dentro do espectro do autismo, dos casos mais leves aos mais complexos, ajustando a intervenção conforme necessário.

O Modelo Denver “cura” o autismo? A criança ficará típica depois?

É importante ter expectativas realistas: não existe cura para o autismo, pois ele é uma condição do neurodesenvolvimento com aspectos que acompanham o indivíduo por toda a vida. O objetivo do Modelo Denver (e de qualquer terapia) não é “tirar” o autismo, mas sim minimizar os atrasos de desenvolvimento e dar à criança as ferramentas para se desenvolver ao máximo do seu potencial. Muitas crianças que recebem intervenção precoce intensiva apresentam progressos tão grandes que, alguns anos depois, chegam a funcionar proximamente ao típico em certas áreas – por exemplo, desenvolvem linguagem falada fluente e habilidades acadêmicas dentro do esperado. Há casos documentados em que a criança, após intervenção, deixa de preencher critérios para autismo e passa a ser considerada apenas com atrasos. No entanto, isso não significa “cura”, mas sim que a criança aprendeu maneiras de superar ou contornar muitas dificuldades iniciais. Alguns desafios ligados ao autismo (como certas sensibilidades sensoriais, traços de personalidade, estilos de pensar) podem permanecer em algum grau, e tudo bem. O sucesso da intervenção se mede mais em termos de ganhos funcionais – a criança consegue se comunicar? brincar? conviver em escola regular? – do que em eliminar todos os traços de autismo. Portanto, o Modelo Denver pode levar a uma grande redução na intensidade dos sintomas e atrasos, especialmente se começado cedo, mas cada criança terá seu próprio trajeto. O mais importante é que praticamente todas as crianças mostram progresso significativo com a terapia adequada. Até 95% das crianças que iniciam o Denver por volta de 2 anos desenvolvem comunicação verbal após 2 anos de tratamento intensivo, segundo relato de um especialista, contra ~38% que desenvolveriam fala sem intervenção​. Isso evidencia o quão transformadora a intervenção pode ser, embora não se fale em cura. Assim, os pais podem esperar melhorias substanciais no desenvolvimento – algumas crianças chegarão a acompanhar quase totalmente seus pares, outras ainda terão algumas necessidades, mas estarão muito melhores do que se não tivessem recebido ajuda precoce.

O Modelo Denver substitui outras terapias (fonoaudiologia, terapia ocupacional, etc.) ou é usado em conjunto?

Na maioria dos casos, o Modelo Denver funciona como um programa abrangente que já integra objetivos de várias terapias. Por exemplo, em vez de levar a criança separadamente ao fonoaudiólogo para trabalhar linguagem e ao terapeuta ocupacional para trabalhar habilidades sensoriais, no ESDM o mesmo plano incorpora metas de linguagem, comunicação alternativa, habilidades motoras e sensoriais, tudo executado por profissionais treinados dentro das sessões lúdicas. Isso reduz a fragmentação do tratamento e garante que todos estejam trabalhando de forma coordenada nas mesmas prioridades. Dito isso, em alguns cenários o ESDM é aplicado junto com outras terapias complementares. Por exemplo, se a criança tem uma dificuldade motora muito específica, pode continuar com fisioterapia enquanto faz Denver para a parte comportamental e comunicativa. Ou se está em escola inclusiva, pode receber apoio educacional especializado paralelo. Não há conflito entre o Modelo Denver e outras abordagens – ele pode ser o eixo central enquanto outras atuam nos complementos. No sistema de saúde brasileiro, é comum os planos de saúde autorizarem múltiplas especialidades (fono, TO, psicologia) para crianças com TEA; nesses casos, se todos os profissionais estiverem alinhados ao Modelo Denver, eles atuarão de forma interdisciplinar, cada um trazendo sua expertise mas seguindo o mesmo modelo de intervenção precoce. O ideal é evitar sobreposição de abordagens discrepantes (por ex., um profissional fazendo método estritamente comportamental de mesa enquanto outro faz Denver naturalístico – isso pode confundir). O melhor cenário é uma equipe unida adotando o Denver como guia, cobrindo assim todas as frentes necessárias. Em resumo, o Modelo Denver muitas vezes elimina a necessidade de várias terapias separadas, mas pode sim ser combinado a outras intervenções quando apropriado, desde que haja coordenação. Inclusive, como já mencionado, estudos sugerem que crianças que fizeram Denver precisam de menos terapias adicionais no futuro graças aos ganhos obtidos precocemente

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